Jovens se organizam e resgatam o bom e velho rock'n roll
Enquanto o sertanejo universitário e outros estilos dominam as paradas de sucesso, algumas bandas remam contra a maré e resgatam o rock na cidade. Pessoas de idades e trajetórias diferentes compartilham do mesmo som e se organizam para disseminar em Vilhena, o estilo musical que influenciou a linguagem, a moda, as atitudes e modos de vida no mundo todo.
O rock and roll surgiu nos Estados Unidos na década de 50, oriundo, em sua maioria, de gêneros musicais afro-americanos. O estilo logo se espalhou por dezenas de países, ganhando características próprias da cultura dos povos que o adotavam.
Em Vilhena não é diferente. Dezenas de pessoas se juntam para tocar e cantar os sucessos do passado e do presente do rock, vivendo alegrias e enfrentando dificuldades para disseminar o estilo musical no Portal da Amazônia [como é conhecida o município, por ser considerado a entrada da Amazônia].
O músico Márcio Guilhermon é um exemplo desses jovens que lutam contra as adversidades para levar em frente o rock. O jovem conta que preza por compor suas músicas e que não gosta de fazer cover. Influenciado por bandas como Metálica e Raimundos, Marcio une a letras de protesto com melodias fortes. Apresentando-se em escolas e festivais independentes de música, ele conquista a todos com sorriso cativante e sonha ganhar os palcos de todo o Brasil cantando suas músicas que já fazem sucesso em Rondônia.
Muitas bandas se destacam em Vilhena. Jovens se organizam, saem das garagens e resgatam o bom e velho rock'n roll, mostrando assim, que é possível fazer rock na Amazônia.
Sub Pop
A banda Sub Pop surgiu em 2006, idealizada por Derek Ito, Camila Schmitt e Rogério Schmitt. O nome foi criado pelos integrantes e se refere a algo por baixo do pop, bem como na estética das palavras.
Sub Pop é formada por Derek Ito (vocal e guitarra), Bruno Vanzin (piano e teclado), Gustavo Closs (saxofone), Rogério Schmitt (bateria) e Jamir Dos Santos Junior (baixo).
Bandas como Los Hermanos, Vanguart, Red Hot Chili Peppers, Silverchair, The Strokes, mais nomes da MPB e da música clássica, são as maiores influências do grupo, que já tem 8 músicas autorais.
Os componentes da banda ressaltam que o espaço para divulgação do trabalho da banda ainda é pequeno na cidade e que o apoio que recebem, vem, em geral, da família e dos amigos. Contudo, querem continuar, pois gostam do que fazem e pretendem gravar um CD ainda este ano, além da pretensão de se apresentarem em outras cidades.
Besouro Suco
A banda Besouro Suco é de Colorado do Oeste, mas se apresenta com frequência em Vilhena. Ela foi criada em 2009 pelos estudantes Sandro de Melo Vieira e William Lazaro.
Sandro, William e Jeferson Lazaro são os integrantes fixos da banda. Os demais são convidados para algumas apresentações. O nome da banda foi pensado por William, inspirado num personagem do filme americano Beetlejuice, de 1988.
Sandro, que mora em Vilhena atualmente, conta que a banda não costuma ensaiar com frequência, mas conversam por redes sociais e nos dias de apresentações ocorre tudo como o combinado.
As principais canções interpretadas pela banda são de Roberto Carlos, Los Hermanos, Tim Maia, entre outros. Mas o grupo está em processo de criação, já com cinco músicas próprias.
Sandro conta que a distância entre os integrantes, espaço para tocar e falta de apoio são as maiores dificuldades da banda. Porém, a perspectiva é continuar tocando, compor, ensaiar mais e lançar o trabalho na internet.
Mini Remp
Curtindo o mesmo som, a banda Mini Remp é formada por cinco adolescentes com idade inferior há 21 anos.
A banda também começou a se apresentar no ano passado, por ocasião de um festival de música que aconteceu na cidade. Os garotos passaram da primeira fase do concurso, mas o estilo sertanejo venceu ao final. Mas, dezenas de pessoas gostaram do som da banda e por isso eles foram convidados para abrir o evento em outro dia de apresentações.
Contudo, a banda já está na quarta formação, isso porque alguns integrantes não tinham tempo devido a outras atividades e até porque não acreditaram no futuro do grupo.
Porém, os meninos da atual formação asseguram que estão confiantes no futuro da banda e pretendem crescer, sem desviar do estilo musical da Mini Remp.
Os integrantes da banda disseram que enfrentam dificuldades, como carência de apoio da prefeitura e falta de alguns instrumentos, que ainda não foram adquiridos, por isso alugam o que acaba sendo oneroso para o grupo.
Mini Remp é composta por Marlon Henrique Kempner (baixo), Maicon Douglas Souza Ferreira (guitarra), Tiago Poquivi (guitarra e vocal de apoio), Diego Campos Evangelista (vocal) e Luiz Henrique de Oliveira (bateria).
The Blank
A terceira e atual formação da The Blank é composta por adolescentes menores de 18 anos, mas com a mesma vontade de outras bandas: tocar rock.
The Blank surgiu em agosto do ano passado, pelas mãos de Thalys Guarnieri, Danyel Rover e Vinícius Dallazem, que tinham em comum o desejo de montar uma banda.
As principais influências do grupo são bandas indies, inglesas e americanas como, Arctic Monkeys, The Strokes, Franz Ferdinand e Rooney.
Os integrantes da The Blank revelam que enfrentam dificuldades para mostrar o trabalho, devido a ausência de festivais e lugares para tocarem, pois o público estaria mais interessado em outros estilos musicais, como o sertanejo.
The Blank é constituída por Thalys Guarnieri (vocal), Vinícius Dallazem ( bateria/vocal de apoio), Danyel Rover ( guitarra e teclado), Igor Rockenbach (baixo) e Niccolo Bayerl ( guitarra).
Festival Grito Rock
O evento começou em Cuiabá, no ano de 2002 e com o tempo, sabendo da existência de outras festas durante o período de Carnaval no país, foi proposto pela capital mato-grossense a criação de uma grande festa nacional, utilizando o mesmo nome “Grito Rock”.
A festa tem a proposta de dar opção de lazer e cultura, para quem não curte a programação tradicional do Carnaval. Ademais, o Grito Rock se tornou um festival integrado que em 2011 aconteceu no Brasil, Argentina, Uruguai e até nos Estados Unidos.
Em Vilhena, o Grito Rcok aconteceu em 2007, na Praça Nossa Senhora Aparecida, em 2010 no Rotary Clube e neste ano, no espaço JK, organizados pelo Coletivo Vilhena. Em 2008 e 2009 o Grito Rock não aconteceu por falta de patrocínios.
Segundo o empresário João Carlos Regert Neto, componente do Coletivo Vilhena, neste ano nove bandas participaram do Grito Rock e fizeram ótimas apresentações.
João enfatiza que o rock é música de massa e não vai perder estes status, mas afirma que existam praças, escolas e casas de shows para apresentações das bandas na cidade. “Vilhena tem público para este estilo, pois possui gente de todos os cantos do país, principalmente jovens que querem ouvir rock”, destaca.
Mas, o empresário também concorda que os maiores desafios para se fazer rock no interior do estado, são os locais de ensaios, reconhecimento e melhores oportunidades.
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