quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Festas religiosas se tornaram tradição em quilombos rondonienses

Com simplicidade, quilombolas do Vale do Guaporé demonstram a grandeza das suas tradições culturais

É na simplicidade do falar, do viver, dos costumes e festejos que as comunidades quilombolas do Vale do Guaporé demonstram a grandeza das suas tradições culturais.  Pessoas simples, de corações humildes e felizes, que demonstram suas crenças nas festas religiosas.
Atualmente Rondônia possui seis comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares: Santo Antônio, Pedras Negras, Forte Príncipe da Beira, Santa Fé e Laranjeiras e a Comunidade Quilombola de Jesus, situada na beira do Rio São Miguel, acima dos territórios quilombolas de Santo Antônio e vizinho dos indígenas miquelenos e puroborá.
Os negros das comunidades Quilombolas do Vale do Guaporé têm origem em um grande contingente de populações negras que foram abandonadas no Vale do Guaporé, no século XIX. Vieram de Vila Bela de Santíssima Trindade, instalaram-se às margens do Rio Guaporé. Apesar de ainda terem muitas carências devido a um processo histórico, especialmente de infraestrutura, educação e saúde, eles não perdem a alegria de viver. Entre as tradições culturais das Comunidades estão as festas religiosas. Na Comunidade Quilombola de Jesus o destaque é a festa de Nossa Senhora da Conceição, em oito de dezembro, com participação de pessoas de todo o Vale e das cidades próximas. A festa inclui missa, muita comida, bebida e forró. É comemorado também o dia de Santa Rosa, em 30 de agosto, com jejum e penitências.
            A Festa do Divino Espírito Santo, que este ano aconteceu no mês de abril em Pimenteiras do Oeste, também é destaque na comunidade quilombola de Pedras Negras. A comemoração relembra a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. Esta festa acontece todos os anos, como se fosse a primeira vez. Tamanha é a fé dos devotos congregados nesta festa que ela ganha destaque estadualmente. A festa é uma tradição centenária, uma das mais cultuadas, vêm do século XIX, precisamente 1894. Ainda hoje atrai devotos de vários pontos do Brasil e consegue congregar centenas de pessoas que não medem sacrifícios a fim de estarem presentes nesta celebração.
Segundo Isabel Mendes, presidente da Associação dos Quilombolas de Pimenteiras do Oeste, a Festa do Divino é de extrema importância, pois é uma forma dos quilombolas demonstrarem sua fé e também relembrar a peregrinação que fizeram até chegar ao Vale do Guaporé. 
Já o tio de Isabel, Nego Mendes, conta que se lembra de como seus pais participavam da festa da Festa do Divino Espírito Santo, no quilombo de Pedras Negras. Ele lembra que a festa tem uma importância impar.

A Festa do Divino Espírito Santo reúne famílias ribeirinhas bolivianas e brasileiras. A coroa foi trazida de Vila Bela Santíssima Trindade, no Estado do Mato Grosso, por uma família descendente de escravos para a Ilha das Flores, em Rondônia. A peregrinação das famílias ribeirinhas que moram às margens dos rios Mamoré e Guaporé, no qual fazem divisas com o Brasil e a Bolívia, são de Surpresa, Costa Marques, Pedras Negras, Rolim de Moura do Guaporé, Pimenteiras, Versalhes, Remanso e Piso Firme, sendo as três últimas na Bolívia. Os devotos vem passando por todas as comunidades, arrecadando todo tipo de doações, mas, principalmente a de alimentos, para a preparação da festa. A Romaria do Divino começou a caminhada pelo Vale do Guaporé há 155 anos, envolvendo ribeirinhos católicos que agradeciam as “graças” (milagres) alcançadas. Ora por terem uma cura de familiar doente, ora pela fartura de alimentos, geralmente, peixes e caças, além do sucesso nas vendas de produtos da floresta (essências, raízes, madeira, látex e outros).



Nenhum comentário:

Postar um comentário