quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Arraial Flor de Maracujá: mistura de lendas, danças e sabores da região Norte

O evento reúne quadrilhas e bois-bumbás


Uma música agitada marca os passos fortes dos dançarinos de quadrilha. Com roupas coloridas e sorriso nos rostos eles mostram a diversidade cultural dos rondonienses. Assim começa mais uma edição da festa folclórica que é considerada uma das maiores e mais tradicionais festas da região da norte: o Arraial Flor do Maracujá. O evento reúne várias quadrilhas e bois-bumbás, que se apresentam e atraem um grande número de pessoas ligadas à cultura folclórica regional. Mapinguaris que assustam o povo, botos dançam e emprenham donzelas. cobras-grandes, curupiras, Matintapereira, cabeças voadoras de pessoas transformadas em duendes que vagam à noite. O folclore rondoniense é, acima de tudo, um espetáculo de lendas. Todas com influências indígenas e amazonenses são mostradas no Arraial Flor de Maracujá em Porto Velho. A festa mescla elementos culturais portugueses, africanos e indígenas. Durante o período da festa Porto Velho vira um verdadeiro arraial, com bandeirinhas coloridas nas barracas das praças e ruas, onde é servida grande variedade de pratos típicos. O capricho dos figurinos e a alegria dos dançarinos, além de cenários e adereços, fazem parte de grandes espetáculos apresentados na arena do arraial, com onde dançam grupos mirins e adultos.
Em 2011 o Arraial Flor do Maracujá completou 30 anos e para comemorar a data dessa festa, que é considerada o segundo maior arraial do Brasil, o evento teve a duração de 11 dias. O Flor do Maracujá consegue mesclar as tradicionais apresentações de quadrilhas e bois bumbás, além das barracas que oferecem diversos pratos típicos, como pato no tucupi, o saboroso e revigorante tacacá, além de outras iguarias da culinária rondoniense. No espaço da festa foram montadas 24 barracas, onde foram comercializadas comidas e bebidas.
 A exuberância das roupas dos dançarinos de quadrilha, com muito brilho e apliques de pedras, fitas e babados mostram a criatividade dos grupos. Além disso, o ritmo das músicas e a alegria dos brincantes impressionam os visitantes do arraial. Já o boi-bumbá magnetiza a todos ao contar as lendas amazônicas com perfeição, como a história da lenda da Cobra Dam, uma serpente de duas cabeças que percorre os rios da Amazônia e surge nos dias que há arco-íris para levar as almas dos índios que já morreram.
A tradição de dançar quadrilhas e bois-bumbás chegou a Porto Velho com os arigós trazidos do nordeste para explorar látex nos primórdios do município. Grupos folclóricos de toda a cidade participam com grande envolvimento da comunidade, que trabalha arduamente durante todo o ano para se apresentar para um público sempre numeroso que prestigia o festejo.
O nome da festa se origina de uma “quadrilha caipira” dos anos 50, que era organizada pelo Sr. Joventino Ferreira Filho, morador do Bairro do Triângulo, em Porto Velho. Na época da festa, em junho, as mulheres colocavam flores de maracujá em seus cabelos para se embelezar e assim surgiu a inspiração para o batismo. Entretanto, as festividades de quadrilha em Porto Velho acontecem desde a década de 1920. Como não havia um espaço adequado para a realização do festejo, ocorrendo em escolas, praças, ruas e quintais, o governo do Estado,em 1983, criou o Arraial Flor do Maracujá, localizado ao lado do Ginásio Cláudio Coutinho. Atualmente o local do evento se encontra em um terreno adequado entre as ruas Farquar e Presidente Dutra.
Anualmente 14 quadrilhas adultas se apresentam no arraial Flor do Maracujá, cada uma tem direito a 50 minutos de performance na arena. As duas quadrilhas com menores notas são rebaixadas para o grupo de acesso e competem no ano seguinte em outra festa folclórica, o Arraial Flor do Cacto, que é classificatória para o grupo especial.
Na Mostra são apresentadas as quadrilhas juninas e os bois-bumbás que é a expressão folclórica mais antiga de Porto Velho, surgido nos idos de 1920, na então Vila de Santo Antônio do Madeira, local onde está sendo construída uma grande usina hidrelétrica.
Mas a primeira mostra folclórica organizada pelo poder público foi em 1981, pela Prefeitura de Porto Velho, por meio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura – SEMEC, com a criação da 1ª Mostra de Quadrilha e Boi-Bumbá, realizada na quadra esportiva da Escola Barão do Solimões, com a participação de quatro bois: Malhadinho, Flor do Campo, Caprichoso e Tira-Cisma. Essa Mostra incentivou o reaparecimento do Boi Brilhamante e a criação do Boi Rei do Campo, em 1982, por Manoel Francisco Miranda, conhecido como Seu Chagas, com o curral no bairro Tucumanzal.
O sucesso da Mostra Municipal incentivou os membros da SECET, órgão de cultura do recém criado Estado de Rondônia, a organizarem a Mostra Folclórica Estadual, realizada em junho de 1982. Naquela edição se apresentaram os seguintes grupos: Brilhamante, Malhadinho, Caprichoso, Rei do Campo e Boi mirim Tira-Cisma. A primeira Mostra Estadual teve dois campeões: o boi Caprichoso e o boi Malhadinho. O Arraial surgiu em decorrência dessas Mostras Folclóricas como forma de agregar os valores culturais regionais. Era então, necessária a criação de um arraial, por isso a equipe responsável pelo departamento de cultura da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Turismo – SECET criou, em 1983, o Arraial Flor do Maracujá, montado ao lado do ginásio de esportes Cláudio Coutinho. A Mostra de Quadrilhas e Bois-Bumbás passou a ser realizada durante o arraial. O Arraial Flor do Maracujá é o maior preservador das danças, lendas, costumes e comidas típicas de Rondônia.



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