Talvez
a correria do dia-a-dia, o stress e até mesmo por falta de tempo, você não
tenha parado para admirá-la.
Você
deve passar por ela todos os dias, e não a vê, mas ela está ali, humildemente
resistindo à ação do homem, lutando bravamente contra as queimadas e derrubadas.
Majestosamente ela solicita sua atenção, e porque não sua admiração. De quem
estou falando? Da árvore símbolo do Brasil, o Ipê.
As
árvores ajudam a dar uma nova cara à paisagem urbanizada, e nada mais formoso do
que essa faceta ser revestida de cores vivas e alegres, proporcionada pela
floração dos Ipês. Em Vilhena podemos admirar estas lindas árvores em vários
pontos. Todos param para fitar a exuberância dos Ipê floridos, que embelezam
ainda mais a cidade “Clima da Amazônia”.
Sua
floração ocorre antes do surgimento da nova folhagem sem data precisa, ocorrendo
normalmente entre abril e setembro. Neste período dota-se de uma beleza
inigualável traduzida pelos versos de Sílvio Ricciardi:
Ontem
floriste como por encanto,
sintetizando
toda a primavera;
mas
tuas flores, frágeis, entretanto,
tiveram
o esplendor de uma quimera.
Como
num sonho, ou num conto de fada,
se
transformando em nívea cascata,
tuas
florzinhas, em sutil balada,
caíam
como se chovesse prata…
Ao
entrar em floração, o ipê perde totalmente as folhas e, como uma grande mancha
de cor, impõe sua exuberância à paisagem. Conhecido em todo o Brasil, é a
árvore nativa que representa a nacionalidade.
É a
árvore brasileira mais conhecida, a mais cultivada e, sem dúvida nenhuma, a
mais esplêndida. É na verdade um complexo de nove ou dez espécies com
características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas ou
roxas. Não há região do país onde não exista pelo menos uma espécie dela.
No
mundo, são 292 tonalidades catalogadas. Na verdade, as espécies não chegam a derivar,
mas, sim, sua cor, que, em geral, são mais ou menos semelhantes umas às outras.
O florescimento vivaz é seu traço mais marcante e o que a torna tão
espetacular. Qualquer leigo tem curiosidade sobre seu nome ao contemplar a
beleza de seu florescimento.
De
acordo com o Engenheiro Florestal do Ibama de Vilhena, José Lauro Gonçalves, se
não fosse pela ação do homem teríamos um privilégio ainda maior. É que há cerca
de dez anos, a prefeitura da época plantou uma quantidade expressiva de Ipês,
visando resplandecer o paisagismo da cidade, porém as pessoas não foram muito
acolhedoras e com o crescimento assustador de Vilhena as árvores foram perdendo
espaço para as construções. A maioria das que foram plantadas, dez anos atrás,
hoje já não existem mais. “Do Ibama até à UNIR foram plantadas mudas de Ipê,
porém a população destruiu a maioria das árvores”, relatou José Lauro.
As
que resistiram a ação devastadora do homem concedem o privilégio de vê-las em
sua floração, como é o caso da árvore plantada há vinte e dois anos na Escola
Cecília Meireles, no bairro Bodanese. Lá ela é preservada, e toda vez que
começa a florir dá um show de exuberância. Os funcionários da escola sempre
procuram registrar esse momento, fotografando-a.
Em
1961, elegeram o ipê-amarelo, conhecido cientificamente por Tabebuia vellosoi,
como a Flor Nacional. Existem pelo menos cinco espécies com formas
arquiteturais muito diferentes entre si e cuja floração também diverge quanto à
época de ocorrência e intensidade.
No
inverno a falta de chuvas deixa as vegetações secas, amareladas, quase sem
vida. O ipê, árvore nacional, promove um colorido especial nesta época, com
flores de tom amarelo bem forte, branco cor de neve, roxo vivo e rosa chá.
Tudo
isso nos leva à reflexão no meio de tanta sequidão: a maior dificuldade para a
sobrevivência desses Ipês não é a falta de chuvas e sim as queimadas, muito comuns
nesta época do ano.
Essa
árvore que, mesmo na época de seca nos mostra o potencial da natureza, que é
bela até em momentos caóticos, revela sua vontade e necessidade de sobreviver,
mesmo com tantas ações prejudiciais contra ela. A ambição desmedida da
humanidade tem deixado feridas profundas no nosso planeta, e que está pedindo
socorro. Mas ainda há esperança, enquanto os ipês florirem há vida.
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