quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Documentário “O Que Há Por Trás?” promove luta contra homofobia

O curta-metragem mostra a intimidade de três travestis: Paola, Leo e Lorena que se prostituem em Vilhena




Uma muralha tão alta que poucos conseguem superar os obstáculos e olhar além de suas paredes. Esta muralha está por toda parte da vida em sociedade. Trata-se da muralha do preconceito, uma das mais resistentes já criadas pelo ser humano. Mas afinal, o que há por trás das paredes da discriminação?  Se há algo oculto, só existem duas formas de aceitar como ele foi parar onde está: ou alguém o escondeu, ou o que quer que esteja por trás das muralhas do preconceito se ocultou por espontânea vontade. Para compreender quais razões, como vivem e o que fazem os sujeitos que habitam o outro lado do mundo separado pela muralha, o documentário “O Que Há Por Trás?” procurou dar voz a um grupo constantemente discriminado: as travestis.
O curta-metragem de dezenove minutos mostra o cotidiano e a intimidade de três travestis: Paola, Leo e Lorena. Elas se prostituem em Vilhena, na clássica Avenida Presidente Nasser. Dentre revelações polêmicas sobre como acontece um programa, o filme aborda, por meio de depoimentos e histórias de vida dos personagens, o descobrir-se homossexual ainda na infância, o modo de vida itinerante nos pólos de prostituição do Estado e os sonhos das travestis ainda vítimas do preconceito da sociedade.
O curta-metragem não trás respostas, apenas indaga e promove uma reflexão. O duplo-sentido do título chama atenção e serve para revelar o lado que as pessoas não enxergam por baixo da maquiagem e da condição de vida das travestis.
O documentário “O Que Há Por Trás?”, foi produzido pelos acadêmicos de Comunicação Social / Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia,  Andréia Machado, Flávio Godoi, Dennis Weber e Washington Kuipers.  Segundo Flávio, as palavras “travesti” e “prostituição” são tão marcantes e rejeitados pela sociedade que, durante a realização do documentário, a equipe responsável pela sua produção provou um pouco do preconceito através de comentários de discriminação publicados na internet.
Segundo Andréia, a intenção, ao produzir o documentário, foi de lutar contra a homofobia e preconceito direcionados às travestis. “Pretendemos, assim, durante as exibições do documentário promover debates sobre a violência cometida contra o grupo minoritário das travestis,  além de desenvolver a cidadania desse grupo que, dentre os excluídos GLBTTT, são os mais marginalizados e estão fora de qualquer possibilidade de inclusão social, seja na escola, na saúde, na família e no mercado de trabalho. Com acesso gratuito a essa expressão cultural, busca-se minimizar preconceitos através da arte e do conhecimento.”, explica Andréia. O documentário vilhenense foi postado na internet e mais de 27 mil pessoas já assistiram a produção.
De acordo com Andréia, o documentário “O que há por trás?” privilegia a cultura da diversidade, abordando as múltiplas interpretações sobre gênero, sexualidade, orientações sexuais, identidades que fogem aos esquemas binários (masculino e feminino). O documentário já foi exibido para acadêmicos de vários cursos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e da Faculdade da Amazônia – FAMA, além de pessoas ligadas a vários setores da sociedade que participaram do lançamento da obra audiovisual.  “O que há por trás?” também já foi exibido no festival “Só Curtas”, de Ji-Paraná (RO) e na IV Mostra do Filme Etnográfico, em Manaus (AM).
“O Que Há Por Trás?” recebeu o Prêmio do Júri do Festival Só Curtas realizado em Ji-Paraná, na categoria documentário. O prêmio foi conquistado pela abordagem do tema “preconceito” de forma leve e criativa, foi o que destacou o júri formado por uma comissão de Porto Velho. A produção recebeu ainda o Prêmio Casa Rondon de Comunicação, em Vilhena (RO). O filme foi exibido em Goiânia (GO), além de outros festivais nacionais, provocando assim uma reflexão sobre a homofobia.



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