Escola
Marechal Rondon oferece ensino de braile e libras para estudantes
A educação inclusiva no
Brasil é garantida pela legislação, e oferecer condições igualitárias para
estudantes com necessidades educacionais especiais, é uma necessidade nas
escolas do país. Em Vilhena na escola estadual Marechal Rondôn, a educação
inclusiva é uma realidade, pois oferecem alfabetização e inclusão de alunos com
deficiência visual e auditiva, com aulas de braile e libras.
Segundo a diretora da
escola Marechal Rondon, Débora Cristina, as ações desenvolvidas na escola têm
como objetivo de promover a inclusão dos alunos com deficiência no ambiente
escolar, e também para melhorar a comunicação entre crianças e deficientes
visuais e auditivos. "Atendemos vários alunos com necessidades especiais e
procuramos oferecer um ensino de qualidade para promover a inclusão desses
alunos", disse Débora que contou orgulhosa que a alunos da escola com
deficiências já ingressaram em cursos universitários.
A professora Janes de
Fátima Silva que trabalha dando aula de braile na escola, acredita que a
educação inclusiva ajuda no crescimento dos alunos, não apenas no ambiente
escolar, mas também no dia a dia. Janes informou que em dez anos que trabalha com aulas de braile
ajudou na formação de três alunos com deficiência visual.
Janes explica que o sistema
braile é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo,
resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três
pontos cada. Aparecem em forma de letras, algarismos e sinais de pontuação. A
leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao
mesmo tempo. O sistema braile é um código universal de leitura tátil e de
escrita, usado por pessoas cegas. Ele foi desenvolvido na França por Louis
Braille, um jovem cego, a partir do sistema de leitura no escuro, para uso
militar, de Charles Barbier.
Na escola Janes trabalha
com alfabetização e também com a tradução de conteúdos como provas, trabalhos
das aulas dos professores, pois os alunos com necessidades educacionais
especiais dividem o mesmo espaço com os do ensino regular.
De acordo com Janes, a
escola Marechal Rondon está toda equipada com materiais didáticos, livros tanto
em braile quanto em áudio, computador, impressora, sorobam, que é o aparelho de
cálculo do cego e o reglete, que é o primeiro equipamento para a alfabetização.
"Temos vários
materiais que ajudam no ensino e que facilita o cotidiano dos alunos com
deficiência visual, pois aqui na escola fazemos o que for possível para que
nossos alunos com qualquer deficiência tenham uma rotina normal junto com os
outros", falou Janes.
Janes diz que sente orgulho
de ter ajudado os alunos a realizar o sonho de ingressar no ensino superior.
Ela conta que atualmente está ajudando na preparação de uma aluna Alessandra
Martins, de 23 anos, que foi alfabetizada e concluiu o ensino médio na escola,
para ingressar no ensino superior.
Alessandra nasceu com
deficiência devido uma rubéola que a mãe teve quando estava no sétimo mês de
gestação. Ela conta que começou a estudar quando tinha 11 anos de idade.
"Meus pais não sabiam que uma criança cega poderia estudar e uma vizinha
falou sobre a escola Marechal Rondon. Eles me matricularam, mas não esperava
que eu fosse conseguir a apreender alguma coisa", disse Alessandra.
A jovem conta que ela mesmo
se surpreendeu com a facilidade que teve para aprender. "Fui alfabetizada
em apenas três meses, foi muito fácil, mas quando fui para escola achava que
para aprender braile eu ia usar caderno, lápis e borracha e não os materiais
específicos", revela a estudante.
Segundo Janes, Alessandra é
uma aluna dedicada que ama ler. "Ela leu todos os livros da nossa
biblioteca e tem sede de conhecimento", fala a professora.
Alessandra conta que sonha
em cursar pedagogia e dar aula no futuro. Ela diz que sua experiência na escola
foi muito proveitosa e mesmo depois de ter concluído o ensino médio continua
frequentando a aulas para se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem).
Alessandra ressalta que as
aulas ajudaram ela na rotina fora da escola. "Nas aulas aprendi a usar o
computador e os programas que em auxiliam nas leituras", falou a jovem que
mantêm uma página no Facedook onde posta texto e vídeos que são servem de
exemplos para outras pessoas. Apesar das tecnologias Alessandra prefere ler em
braile.
"Para vencer os
desafios precisamos acreditar nos nossos sonhos e aproveitar as
oportunidades", afirma Alessandra.
Opinião compartilhada pela
Kelly Thaynara Paulino, de 12 anos, que é deficiente auditiva e estuda na
sétima série na escola. Usando a linguagem dos sinais, libras Kelly conta que
gosta muito de estudar na escola pois tem vários amigos.
Já Weverton Carlos B. da
Silva, de 13 anos, que também estuda na sala de Kelly, diz que se sente à
vontade porque em sua sala sete alunos com deficiência auditiva estudam.
"Não me sinto sozinho sei que tenho meus colegas de sala para conversar e
também tem os professores que são muito legais e nos ajudam a se conversar com
os outros alunos, e no final todos aprendemos juntos", fala Weverton.
A professora e interprete
de libras Vanessa Leopoldino Frâveno, informa que na escola atualmente são
atendidos nove alunos deficientes auditivos. De acordo com Vanessa, os
resultados do ensino oferecido são percebidos na unidade de ensino e em casa.
"Eles são muito dedicados e sempre querem aprender", ressalta
Vanessa.
A diretora Débora faz
questão de informar que a escola está de portas abertas para a comunidade, e
convida quem quiser fazer uso dos equipamentos para braile e conhecer o
material didático é só ir à escola Marechal Rondon.
"Nosso trabalho visa
proporcionar uma melhora na qualidade de vida dos alunos portadores de
necessidade especiais, o que inclui um avanço no seu processo de inclusão
social. Além de oferecer o ensino de libras e braile também trabalhamos com os
outros alunos conscientizando sobre a importância de se respeitar as diferenças
para construir uma sociedade mais justa", finaliza Debora.