terça-feira, 26 de julho de 2016

Exposição ‘Amazônia Negra’ inaugura galeria de artes do Palácio Rio Madeira, em RO



Com o tema ‘Amazônia Negra’, foi aberta nesta quarta-feira (20) a exposição fotográfica da economista Marcela Bonfim, inaugurando a Galeria Palácio, no Edifício Pacaas Novos (torre), no Complexo Rio Madeira, sede do Governo de Rondônia.


A mostra reúne 63 pôsteres abordando a participação negra na região desde 1750, quando ocorreu o povoamento do Vale do Guaporé por africanos procedentes de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) até a imigração haitiana em curso atualmente. 

A mostra fica exposta até o dia 31 de agosto, com acesso gratuito. “Basta que subam os 24 degraus da entrada do palácio”, disse Marcela, ressaltando que pessoas com deficiência física dispõem de escada própria lateral. “Ninguém se apresse: a Galeria Palácio está aberta permanentemente ao público”, reforçou.

Fotógrafa documentarista e militante das causas das populações negras e povos tradicionais, Marcela Bonfim, 33 anos, explicou na apresentação do roteiro da mostra, que mais que fotografia, a proposta de reconhecimento dos povos, costumes e influências negras na floresta amazônica abrange a busca pessoal pelo seu reconhecimento como mulher negra num País racista, onde os espaços são sutilmente fragmentados entre negros, pardos e brancos, todos atuando em ambientes delimitados.

“Você conhece aquele rapaz?”, perguntou a superintendente de Gestão dos Gastos Públicos e Administrativos do estado, Isis Queiroz, ao professor e produtor musical porto-velhense, Jesuá Johnson (Bubu), 65, cuja foto está exposta.

“Eu o vi sim, em algum lugar”, brincou Bubu ao observar seu retrato numa das paredes do térreo do palácio. “Ficou muito bom”, elogiou.

A galeria é uma ação conjunta que visa à humanização do espaço de trabalho dos servidores públicos governamentais. Funciona desde o primeiro piso até o nono andar, onde fica o gabinete do governador Confúcio Moura. No salão principal, à direita de quem entra no palácio, são expostos pôsteres maiores, enquanto as escadarias ganharam lambes em tamanhos variados.

A exposição não se limitará à torre principal do CPA, pois os edifícios retos e curvos Guaporé, Jamari, Machado e Rio Cautário também servirão para o mesmo propósito.

“A ideia é esta: abrir o Palácio às artes cênicas, corporais [dança e intervenções artísticas], artes plásticas [pintura, fotografia e visuais], cinema, música e multimeios”, explicou a titular da Sugespe, Isis Queiroz.

Marcela Bonfim recebeu elogios, entre eles, do fotógrafo especialista em natureza, história e povos tradicionais, Mário Friedlander. “Ela veio e viu o que muitos não percebem. Melhor ainda, ela mostra o que vê, e percebe que nem todos querem ver. Ela não se importa e segue em frente”.

Friedlander referiu-se ao trabalho feito por Marcela, mostrando comunidades e quilombos existentes no Vale do Guaporé, no caminho entre Pedras Negras (RO) e Vila Bela.

Entusiasmados, Isis e o superintendente da Juventude, Cultura, Esportes e Lazer, Ilmar Esteves Souza, receberam os primeiros visitantes, aos quais explicaram que a intervenção nas escadarias e a ocupação das dependências palacianas estão agora à disposição de projetos de músicos, poetas, fotógrafos, grafiteiros, cordelistas, cartunistas, pintores, atores de teatro de rua, capoeiristas e artistas plásticos em geral.

“Essa proposta de humanização deve ter a cara de nossa gente”, disse Isis. Além disso, segundo ela, as pessoas poderão caminhar um pouco pelas escadas, “economizando viagens de elevador”.

A Sejucel colocará um guia fixo para visitas, e com a Secretaria da Educação (Seduc) facilitará acessibilidade das pessoas aos prédios, um objetivo defendido pelo governador Confúcio Moura ao apoiar o projeto.


 Texto e fotos: Assessoria 

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