Com o tema ‘Amazônia Negra’,
foi aberta nesta quarta-feira (20) a exposição fotográfica da economista
Marcela Bonfim, inaugurando a Galeria Palácio, no Edifício Pacaas Novos
(torre), no Complexo Rio Madeira, sede do Governo de Rondônia.
A mostra reúne 63 pôsteres
abordando a participação negra na região desde 1750, quando ocorreu o
povoamento do Vale do Guaporé por africanos procedentes de Vila Bela da
Santíssima Trindade (MT) até a imigração haitiana em curso atualmente.
A mostra
fica exposta até o dia 31 de agosto, com acesso gratuito. “Basta que subam os
24 degraus da entrada do palácio”, disse Marcela, ressaltando que pessoas com
deficiência física dispõem de escada própria lateral. “Ninguém se apresse: a
Galeria Palácio está aberta permanentemente ao público”, reforçou.
Fotógrafa documentarista e militante das causas das populações negras e povos tradicionais, Marcela Bonfim, 33 anos, explicou na apresentação do roteiro da mostra, que mais que fotografia, a proposta de reconhecimento dos povos, costumes e influências negras na floresta amazônica abrange a busca pessoal pelo seu reconhecimento como mulher negra num País racista, onde os espaços são sutilmente fragmentados entre negros, pardos e brancos, todos atuando em ambientes delimitados.
“Você conhece aquele
rapaz?”, perguntou a superintendente de Gestão dos Gastos Públicos e
Administrativos do estado, Isis Queiroz, ao professor e produtor musical
porto-velhense, Jesuá Johnson (Bubu), 65, cuja foto está exposta.
“Eu o vi sim, em algum
lugar”, brincou Bubu ao observar seu retrato numa das paredes do térreo do
palácio. “Ficou muito bom”, elogiou.
A galeria é uma ação
conjunta que visa à humanização do espaço de trabalho dos servidores públicos
governamentais. Funciona desde o primeiro piso até o nono andar, onde fica o
gabinete do governador Confúcio Moura. No salão principal, à direita de quem
entra no palácio, são expostos pôsteres maiores, enquanto as escadarias
ganharam lambes em tamanhos variados.
A exposição não se limitará
à torre principal do CPA, pois os edifícios retos e curvos Guaporé, Jamari,
Machado e Rio Cautário também servirão para o mesmo propósito.
“A ideia é esta: abrir o
Palácio às artes cênicas, corporais [dança e intervenções artísticas], artes
plásticas [pintura, fotografia e visuais], cinema, música e multimeios”,
explicou a titular da Sugespe, Isis Queiroz.
Marcela Bonfim recebeu
elogios, entre eles, do fotógrafo especialista em natureza, história e povos
tradicionais, Mário Friedlander. “Ela veio e viu o que muitos não percebem.
Melhor ainda, ela mostra o que vê, e percebe que nem todos querem ver. Ela não
se importa e segue em frente”.
Friedlander referiu-se ao
trabalho feito por Marcela, mostrando comunidades e quilombos existentes no
Vale do Guaporé, no caminho entre Pedras Negras (RO) e Vila Bela.
Entusiasmados, Isis e o
superintendente da Juventude, Cultura, Esportes e Lazer, Ilmar Esteves Souza,
receberam os primeiros visitantes, aos quais explicaram que a intervenção nas
escadarias e a ocupação das dependências palacianas estão agora à disposição de
projetos de músicos, poetas, fotógrafos, grafiteiros, cordelistas, cartunistas,
pintores, atores de teatro de rua, capoeiristas e artistas plásticos em geral.
“Essa proposta de
humanização deve ter a cara de nossa gente”, disse Isis. Além disso, segundo ela, as
pessoas poderão caminhar um pouco pelas escadas, “economizando viagens de
elevador”.
A Sejucel colocará um guia
fixo para visitas, e com a Secretaria da Educação (Seduc) facilitará
acessibilidade das pessoas aos prédios, um objetivo defendido pelo governador
Confúcio Moura ao apoiar o projeto.
Texto e fotos: Assessoria
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