sexta-feira, 1 de julho de 2016

Comunidade quilombola de RO comemora o crescimento do turismo


O turismo de uma das comunidades quilombolas mais tradicionais de Rondônia tem crescido nos últimos anos, segundo a direção da associação de moradores. Localizada às margens do Rio Guaporé, município de São Francisco do Guaporé (RO), um dos grandes atrativos de Pedras Negras, de acordo com Rozaldo Godói, presidente da associação, é devido as grandes pedras, praias, pesca e sítios arqueológicos existentes no local.


“No período em que o rio está baixo, os turistas podem apreciar as belas paisagens do local”, relata. Godói, hoje com 49 anos, é um dos moradores mais antigos do local. Nascido e criado em Pedras Negras, ele conta que atualmente a comunidade quilombola possui duas pousadas, sempre com reservas marcadas. “Para chegar até aqui, as opções são o barco e o avião de pequeno porte, pois temos uma pista de pouso”, afirma.

Segundo a associação de moradores, agências de viagens do Vale do Guaporé e do Cone Sul do estado são as que mais enviam turistas para o local. A igreja católica, construída há mais de 100 anos, também é um dos símbolos de Pedras Negras. Com uma torre que pode ser vista há quilômetros de distância, anualmente a comunidade participa da tradicional Festa do Divino do Espírito Santo.

Maria de Fátima Ferreira é moradora da comunidade desde 1978. Com 49 anos de idade, a igreja é um dos seus locais preferidos para passar o tempo. “Venho sempre aqui fazer minhas orações, arrumar as flores, varrer e arrumar o local. O que gosto daqui é que toda a comunidade é católica e veem semanalmente aos cultos”, conta.

Os apaixonados por história ficam encantados quando encontrar as urnas funerárias enterradas no quilombo de Pedras Negras. Segundo os moradores, frequentemente são encontrados panelas de barro onde foram sepultados corpos de índios.

Olaida Faustino, 59 anos, também é moradora nativa do quilombo. Para a dona de casa, o local é mais do que paradisíaco. “Aqui é tudo de bom. Tem escola, quadra de esporte e energia”, afirma. De acordo com a moradora, o aumento do turismo foi benéfico para a comunidade. Em quase seis décadas de vida, Olaida afirma ter visto centenas de animais andando próximo das casas. “Já vi sucuri com mais de cinco metros de tamanho, além de jacarés”, relata.

O número de famílias em Pedras Negras também aumentou em três anos. “Em 2011 tínhamos 17 famílias aqui na comunidade. Hoje somos em 58”, revela. Outro crescimento com rendimento de produção positiva foi a pecuária. De acordo com o presidente da associação, desde 2008 alguns produtores começaram a criar gado, possibilitando assim que os moradores locais pudessem se alimentar de derivados do leite.

A maior parte da renda da comunidade é oriunda da colheita da castanha, que deve se iniciar nas próximas semanas. Por ser área de reserva, o desmatamento é proibido, sendo assim os colhedores precisam se embrenhar na mata em busca das bolas de Castanha do Brasil. Toda produção é levada e vendida em Costa Marques (RO).

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